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Webinar Agrogarante - Setor Agrícola e Agroindustrial - Da Produção ao Consumo

2021-06-18

No dia 7 de junho de 2021 a Agrogarante realizou o Webinar "O Setor Agrícola e Agroindustrial – Da Produção ao Consumo". José Fernando Figueiredo, Presidente da Agrogarante iniciou a Sessão na qual marcaram presença Rui Martinho, Secretário de Estado da Agricultura e Beatriz Freitas, Presidente Executiva do Banco Português de Fomento.

No debate que se seguiu participaram José Pedro Salema, Presidente da EDIA, Rodrigo Vinagre, Presidente do COTHN, Gonçalo Andrade, CEO da Portugal Fresh e Bruno Dimas, Subdiretor Geral do GPP.

O Webinar centrou-se em questões essenciais para o setor, nomeadamente questões relacionadas com as alterações dos hábitos de consumo face à maior consciencialização e exigência por parte do consumidor tanto no que concerne a qualidade do produto como o impacto da sua produção no meio-ambiente.

Debateu-se a forma como a produção se ajusta e se adapta para ir ao encontro destas mudanças, percebendo-se, todavia que, em alguns casos, de forma proativa, é a própria produção que desencadeia mudanças que vão ao encontro das alterações das tendências de consumo e dão resposta às preocupações dos consumidores.

Na realidade, a pandemia redefiniu comportamentos, o que se refletiu também nos hábitos e escolhas alimentares dos consumidores. Observam-se mudanças determinantes para o futuro do setor agroalimentar, o que obriga a indústria a um novo alinhamento e preparação para responder a um novo paradigma. É premente compreender as tendências de mercado e identificar soluções ajustadas. Questões como o aumento da procura de água, a escassez de recursos e consequentemente o aumento de custos de produção, exigem respostas.

Os avanços tecnológicos também contribuem e têm impacto, quer na Produção, quer no Consumo, levando a novas formas de produção, novos hábitos de consumo e exigências, como sejam a necessidade de estar rapidamente acessível ao consumidor e de novas formas de vender.

De uma forma generalizada o consumidor interessa-se cada vez mais pelas empresas produtoras de alimentos e o impacto das suas ações no âmbito da responsabilidade social e ecológica.

Estas tendências, que têm vindo a provocar alterações profundas em vários quadrantes e, com impacto significativo na Produção, tiveram um amplo palco para debate neste webinar.

Rui Martinho, Secretário de Estado da Agricultura destacou o papel decisivo do consumidor, realçando também a importância do setor para garantir um uso eficiente dos recursos naturais e, dessa forma, proteger os valores essenciais dos ecossistemas. Referiu que o Estado continuará a incentivar e a promover a atividade agrícola e agroindustrial, através de apoios para a adaptação do setor, os quais passam também pelo pacote Next Green, que representa um envelope adicional áquilo que seriam as disponibilidades financeiras de apoio ao setor. Realçou ainda a importância de tornar o financiamento mais ágil e célere, atribuindo à Agrogarante um papel estratégico, cuja atuação permitirá uma maior alavancagem do financiamento público do setor.

"Vivemos num mundo em rápida mutação, no qual devemos não só olhar para o presente, mas olhar para o futuro e antecipar as necessidades de todos os stakeholdersdo setor”. Foi desta forma que Beatriz Freitas, Presidente Executiva do Banco Português de Fomento, iniciou a sua intervenção, revelando ainda que é importante criar condições para que sejam dadas respostas para tornar o setor mais sustentável e mais competitivo. Para este efeito o Banco Português do Fomento, no apoio ao desenvolvimento económico-social, estará alinhado com os desafios de cada área de atividade, nomeadamente do setor agrícola e agroindustrial, prometendo novidades para breve, no que diz respeito a apoios direcionados ao à agricultura e agroindústria.

José Pedro Salema, Presidente da EDIA, apresentou a importância da infraestruturação do território para criar condições de trabalho eficiente. No que diz respeito à EDIA e ao trabalho desenvolvido no Alqueva, considera que as infraestruturas criadas, no que respeita aos sistemas de abastecimento público de água, nomeadamente no que concerne a tecnologia de gestão de água, são comparáveis com o que de melhor existe a nível mundial. Todavia, alertou para a necessidade de trabalhar a sustentabilidade "tanto dentro como fora de nossa casa”, sendo imperativo educar os consumidores, ainda que isso signifique vender menos. Por último, afirmou que a pressão da falta de recursos hídricos obriga a olhar para o longo prazo, tornando-se necessário ajudar os agricultores a adaptarem-se.

O Presidente do COTHN, Rodrigo Vinagre, apontou o setor primário como exemplo de resiliência e capacidade de adaptação. Todavia, deixou uma crítica à falta de valorização do mesmo por parte do consumidor, referindo que "quando se coloca conhecimento, inovação e tecnologia em qualquer produto, o produto sai valorizado, é mais caro, como acontece com os telemóveis, mas o mesmo não acontece com o produto agrícola”. Uma vez mais foi destacada a importância da sustentabilidade, tanto económica como social e ecológica, tendo o Presidente da COTHN realçado a necessidade de colocar em parceria toda a cadeia do setor. Nota ainda para a constatação de que "o produto não nasce nas prateleiras dos lineares dos supermercados”! Antes passa por um complexo e exigente processo, que envolve uma cadeia de intervenientes, cada qual com as suas dificuldades.

Gonçalo Andrade, CEO da Portugal Fresh, falou também na importância da água, sem a qual o setor não conseguirá continuar a evoluir. Destacou o subsetor das Frutícolas, como um caso de sucesso, tendo, nos últimos dez anos duplicado o valor de exportações. No entanto, num mundo globalizado, afirmou que, em observância com as diretrizes da UE, as empresas devem dar respostas a determinadas exigências, mas não podem deixar de olhar para as (menores) exigências que são feitas no resto do mundo, sob pena de se tornarem menos competitivas perante os seus concorrentes. Todavia, é necessário compreender o consumidor e perceber que os seus hábitos e comportamentos são diferentes de região para região. Para que a produção possa ter valor acrescentado, os negócios devem ser feitos do mercado para a produção e não o contrário. Para este efeito é necessário apoiar empresas e empresários, através da realização de estudos sobre o consumidor, ações de formação, prospeção e missões empresariais.

 

Bruno Dimas, Subdiretor Geral do GPP informou que o novo quadro de objetivos, tem que se harmonizar com os objetivos tradicionais da PAC, de produzir em quantidade suficiente para o mercado com qualidade e a preços razoáveis para os consumidores, esse mesmo objetivo tem que ser conciliado com os objetivos de desenvolvimento ambiental, da existência de produção sustentável e dos impactos territoriais, também ligados às questões sociais. Acrescentou ainda, que estão previstas três alterações no quadro. A primeira é dirigida aos apoios ao rendimento ou às ajudas de superfície, na qual vai ser acelerada a convergência interna. Esse modelo introduzirá uma competitividade pelas condições de igualdade que existirão dentro da agricultura portuguesa. A segunda é a alteração de pagamentos ligados à introdução de ajuda aos cereais. Por último, a grande novidade anunciada são os regimes ecológicos, que visam incentivar ainda mais os agricultores a adotar práticas respeitadoras do clima e do ambiente, inclusive sob a forma de pagamentos diretos. Estes regimes vieram juntar-se às medidas agroalimentares, centrando-se na mesma temática, mas com uma duração de carácter anual, o que poderá torná-los mais atrativos para os agricultores.

Concluiu, referindo que a PAC tem tido bastante êxito durante os últimos anos e pretende-se com este novo quadro de medidas que continue a ter.

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